“Raul Seixas: Eu Sou” tem Ravel Andrade brilhando, mas não aproveita complexidade do Maluco Beleza
A ideia de adaptar a vida de Raul Seixas é ousada, mas sempre pareceu incrivelmente tentadora. Quem tirou esse plano do papel foi o Globoplay e a aposta foi alta em Raul Seixas: Eu Sou, série biográfica que tenta captar não apenas a trajetória do artista, mas um pouco da energia caótica que ele transmitia. Essa é a parte boa… e a complicada, ao mesmo tempo.
Com oito episódios e estreia em 26 de junho, a série tenta mostrar que Raul não foi só um “maluco excêntrico”, mas um gênio inquieto, um provocador nato com inspirações profundamente filosóficas. Sua obra misturava rock, baião, ocultismo, crítica social, humor e poesia com extrema naturalidade, mesmo em uma época em que isso parecia uma loucura. E é exatamente essa mistura que Raul Seixas: Eu Sou tenta emular.
A montagem da série, criada por Paulo Morelli, que divide a direção com Pedro Morelli, não é discreta, alternando cenas, tempos e pensamentos com uma liberdade que parece sair de um delírio do próprio artista. O maior acerto é casar esse ritmo com a trilha sonora, claro, composta por obras de Raul e vários dos artistas que ele produziu no início da carreira.
O grande trunfo, no entanto, é Ravel Andrade, que interpreta Raul. A performance é tão profunda que beira o transcendental, aproveitando o clima místico e subjetivo que Seixas emana até hoje por meio de sua obra. Não é só uma imitação, é como se ele tivesse entrado na mesma frequência que o músico, sendo inevitável referenciar a Metamorfose Ambulante eternizada pelo artista.
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No entanto, Raul Seixas: Eu Sou não entrega tanto para além disso. Amanda Grimaldi, que interpreta Edith Wisner, primeira esposa de Raul, é a que mais se destaca ao integrar diálogos naturais e que dão humanidade à trama, mesmo com temas meio tresloucados sob influência do protagonista. Mas o restante do elenco de apoio está em um patamar inferior.
É a partir da entrada de Paulo Coelho na história que o tom fica menos crível. O grande parceiro criativo de Raul é caricato demais, e o mesmo ocorre com outros colegas de banda, produtores e diretores das gravadoras. A escolha pode ser intencional, para destacar o quanto Raul e Paulo estavam em uma realidade paralela ao resto do mundo, mas o resultado quebra demais o ritmo da série.
Raul Seixas: Eu Sou
Outro ponto que pode afastar o público é a narrativa não linear. Contar uma história fora de ordem cronológica não é problema em si – às vezes isso é até necessário. Mas aqui, nos primeiros episódios, fica difícil de entrar na história por meio de alguma conexão com os personagens. Aos poucos, o espectador se adapta, mas a série exige paciência logo de cara.
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Raul Seixas: Eu Sou não é uma biografia tradicional. Fatalmente haverá comparações com Homem com H, filme sobre Ney Matogrosso recém-lançado e que foi um grande sucesso, mas são mídias diferentes e, principalmente, artistas diferentes. Como Raul, a série é confusa, não é perfeita, mas é interessante o suficiente para atrair os fãs do Maluco Beleza.
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Filipe Rodrigues
“Raul Seixas: Eu Sou” tem Ravel Andrade brilhando, mas não aproveita complexidade do Maluco Beleza