Iggor Cavalera fala sobre Sepultura e os primórdios do Metal no Brasil: “impensável”

Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

Mais de quatro décadas depois de ter fundado o Sepultura ao lado do irmão Max, em Belo Horizonte, Iggor Cavalera segue sendo uma das vozes mais relevantes quando o assunto é a história do Metal no Brasil.

Em entrevista recente à Louder Sound, o baterista relembrou como foi viver a gênese do gênero em um país dominado por outros estilos e destacou a importância da troca de fitas para moldar toda uma geração de músicos.

Segundo ele, no início dos anos 80 não havia espaço para o Metal na cultura brasileira. O ambiente musical era tomado pelo Samba e por sons populares, enquanto guitarras pesadas e vocais agressivos soavam quase como uma heresia. Foi nesse cenário que o Sepultura surgiu, sem referências locais e com a ousadia de tentar algo inédito. Iggor conta:

No Brasil, especialmente no começo dos anos 80, era tudo sobre o samba – ninguém falava em Metal. Tocar Metal no Brasil naquela época era impensável. Isso me lembra quando o Sepultura começou. A gente não tinha um histórico nas artes, então fizemos sem medo. Enquanto na Europa, quando eles iam pintar, pensavam em toda a herança cultural e coisas associadas a isso.

Outro ponto crucial, segundo Iggor, foi a forma como os jovens descobriam novas bandas: sem rádio, sem televisão, apenas com o famoso tape trading – a rede de troca de fitas cassete que circulava gravações ao redor do mundo.

Não, não era rádio. Era principalmente troca de fitas – você recebia uma fita, trocava com os amigos e, por meio disso, descobria toda uma nova cena de bandas. Às vezes a gente recebia uma fita que já tinha sido copiada duzentas vezes e soava uma porcaria, a qualidade ia ficando cada vez pior até soar maléfica. Às vezes era até decepcionante ouvir a versão original! Eu pensava: ‘Minha fita soava melhor que isso!’

Ele também contou um episódio curioso envolvendo o Slayer:

Alguém copiou o EP Haunting The Chapel pra gente, mas na velocidade errada – tinha que ser 45RPM e fizeram no normal. Então soava super lento e por meses a gente achou que o Slayer tinha virado Doom ou algo assim!

Iggor Cavalera e novas bandas

Na entrevista, Iggor também falou sobre o Overthrust, banda de Death Metal de Botswana com quem tocou recentemente em Londres.

Para ele, o grupo africano tem a mesma ousadia que o Sepultura teve no início de carreira, desafiando as convenções culturais de seus países e provando que o metal pode nascer em qualquer parte do mundo.

O Overthrust está expandindo os limites. Isso me lembra de quando o Sepultura começou, sem medo de arriscar e sem se prender a uma tradição artística pré-estabelecida.

Conheça o som dos caras abaixo!

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Stephanie Hahne

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