Marcelo Falcão homenageia Chorão e se reconecta com a nova geração no álbum “O Legado”

Marcelo Falcão
Foto: Divulgação/Leo Gussi

Marcelo Falcão segue rompendo o tempo com sua música. Aos 51 anos, o cantor, compositor e ex-vocalista d’O Rappa lança seu segundo álbum solo, O Legado, reafirmando não só sua vitalidade artística, mas também seu papel como figura que atravessa gerações, sons e transformações.

O projeto chegou às plataformas na última quinta-feira (27) com 11 faixas inéditas, incluindo participações que transitam entre a história e o presente da música brasileira: de Toni Garrido e Charlie Brown Jr. a nomes como L7NNON, Cynthia Luz, Orochi e Major RD.

De acordo com o cantor, O Legado é uma travessia. É o ponto de encontro entre o que Falcão representa e o que ele ainda busca construir. A faixa-título traduz esse espírito ao apresentar um sample inédito da voz de Chorão, retirado de arquivos pessoais do artista. A homenagem, potente e afetiva, ganha ainda mais força no clipe ao reunir os filhos de Chorão e Falcão em cena, como um elo que eterniza a amizade entre os dois ícones e projeta suas histórias para o futuro.

“Chorão me faz falta. Eu senti que precisava cumprir essa missão, como amigo, fã e alguém da família”, afirmou Falcão em entrevista exclusiva ao TMDQA!. Ao falar da memória do vocalista do Charlie Brown Jr., ele não esconde a emoção de transformar o afeto em música, e a saudade em arte.

“Eu fiquei com a carteira de músico do Chorão, porque o filho dele pediu. Além disso, eu também fiquei com os HDs dele, então eu sempre senti essa obrigação de homenageá-lo. Eu senti que consegui cumprir essa missão.”

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Rap como reencontro

Embora seja um dos principais nomes do reggae brasileiro, Falcão nunca se limitou a rótulos. Em O Legado, ele explora uma sonoridade híbrida que passeia com naturalidade pelo rap, samba, rock e pop urbano. Mas, mais do que buscar tendências, o artista reafirma suas raízes ao se aproximar da nova cena de forma orgânica, sem forçar encaixes. Os encontros com Major RD, L7NNON, Cynthia Luz e Orochi não nasceram de estratégias, mas da vontade mútua de construir pontes.

“O rap sempre esteve presente nas minhas raízes. Trazer essa nova geração veio de uma relação que nasceu na estrada, nas redes sociais e também através do Dallas, que me apresentou pra essa molecada. Eu estava no estúdio com ele, os rappers descobriam e pediam pra gravar comigo. E o Dallas me ajudou a construir músicas onde a zona de conforto desses artistas ainda se mantém protegida”, contou.

Essa escuta aberta também está presente em faixas como “Crença e Fé” (com L7NNON), que discute desigualdade sob diferentes perspectivas, ou “Falcão e Lobo” (com Orochi), em que versos de resistência ganham nova camada. A presença de Cynthia Luz em “Nunca Esquecer Você” e de Tales de Polli (Maneva) em “Neblina” também contribui para o equilíbrio do disco entre sensibilidade, crítica social e espiritualidade.

Liberdade estética de Marcelo Falcão

A liberdade estética de Marcelo Falcão é praticamente é um princípio. Ao ser questionado sobre a linha condutora do disco, ele responde sem rodeios: “Eu sempre fiz um álbum com a liberdade de criar fora da caixa. Eu nunca fiz um disco de reggae sendo apenas de reggae, porque quando chego no estúdio todas minhas influências se abraçam”.

Essa entrega à pluralidade sonora costura o álbum com unidade emocional, mesmo diante da diversidade de ritmos. O processo criativo de O Legado também marca um novo momento na carreira do artista. Falcão fundou sua própria produtora, Expressão Musical.

Segundo ele, O Legado não carrega esse nome à toa. O disco é um manifesto sobre permanência, sobre a coragem de recomeçar, e sobre como a arte pode ser um fio de continuidade entre gerações. “Quis fazer uma ponte com a galera mais nova sem esquecer da geração que eu vim. Tem o Tony Garrido, que é de antes da minha, o Chorão, que vem na sequência, e essa nova galera que me abraçou.”

O que move Falcão hoje é a vontade de permanecer fiel a si mesmo e de tocar quem o escuta com verdade. “Pausar uma banda gigante pra seguir a carreira solo exige coragem. Então o principal legado é ser honesto comigo mesmo. E construir com quem quer correr junto.”

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Felipe Mascari

Marcelo Falcão homenageia Chorão e se reconecta com a nova geração no álbum “O Legado”