TMDQA! Entrevista: Dean Fertita e o lançamento histórico do Queens of the Stone Age em Paris

Foto por Andreas Neumann

Alive in The Catacombs, o novo e incrível registro ao vivo do Queens of the Stone Age gravado nas Catacumbas de Paris, está mais próximo do que nunca.

A performance será lançada de forma digital na próxima quinta-feira, dia 5 de junho, mas estará em algumas salas de cinema selecionadas a partir de amanhã, dia 3 — te contamos mais por aqui.

Na última semana, batemos um papo pra lá de interessante com o guitarrista Dean Fertita, que nos contou um pouco mais sobre essa apresentação histórica do grupo. Passando por limitações de tempo, espaço e da saúde de Josh Homme, o QOTSA entregou uma performance sombria e espetacular, com músicas nada óbvias. “Decidimos por escolher aquelas que achamos que contariam a história certa, que passariam a mensagem correta”, nos contou Dean durante a conversa.

As gravações aconteceram em julho de 2024, enquanto Josh enfrentava desafios com sua saúde. O grupo inclusive precisou cancelar sua turnê inteira à época. Como é possível ver no trailer do ao vivo (assista abaixo), por conta de todas essas limitações, as canções ganharam uma roupagem mais acústica e crua, já que era impossível plugar instrumentos e levar uma bateria para as Catacumbas.

Futuro do QOTSA

Também no nosso papo, Dean nos contou que banda está “escrevendo bastante”, o que pode significar um disco novo muito em breve. O último álbum lançado pelo Queens of the Stone Age é In Times New Roman…, que chegou em 2023.

Nos próximos meses, o grupo vai fazer uma série de shows no verão do hemisfério norte, recompensando os fãs pelas diversas apresentações canceladas no último ano. Enquanto essa turnê não chega ao Brasil — com músicas novas ou não -, ficamos com a performance histórica da banda nas Catacumbas de Paris.

Ah, e também não deixamos de perguntar sobre o Dead Weather, supergrupo incrível formado por Dean, Jack White, Alison Mosshart e Jack Lawrence, que está em hiato desde 2015. Será que vem reunião por aí? Saiba tudo na entrevista completa, logo abaixo.

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TMDQA! entrevista Dean Fertita, do Queens of the Stone Age

TMDQA!: Oi, Dean, como vai?

Dean Fertita: Bem! E você?

TMDQA!: Bem também, obrigada por tirar esse tempinho pra falar com a gente! É ótimo te ver. Bom, primeiro de tudo, gostaria muito de saber qual foi a reação da banda quando Josh Homme trouxe a ideia do Alive in the Catacombs. É algo tão diferente e, ao mesmo tempo, tão óbvio quando a gente pensa na “vibe” do Queens of the Stone Age. Então como foi pra vocês?

Dean: Bom, como você sabe, a gente já está tocando há bastante tempo. E ter oportunidades como essa, de tocar em lugares que são completamente fora do comum, é sempre muito inspirador pra gente. Estamos sempre procurando maneiras de fazer coisas que não sejam só interessantes para a gente, mas para todo mundo que as consome, sabe. Então essa foi, tipo, fiquei sem acreditar que tivemos a oportunidade de fazer isso. Foram muitos anos de preparação, eu acho que faz uns 20 anos que Josh disse que queria fazer isso. E tivemos muita sorte. Tivemos ao nosso lado um time muito incrível de pessoas na França, particularmente em Paris, e pessoas que nos ajudaram a conseguir essa autorização com o governo francês. E, como você disse, faz muito sentido, não é? Mas você não sabe até realmente fazer, até você ir lá embaixo e ver que é isso mesmo. Acho que, para nós, há vários momentos onde você sabe, sem sombra de dúvidas, que eles são especiais, e esse foi um deles. E a gente quis também fazer isso de uma forma respeitosa, sem ir para o lado mais óbvio do que seria essa experiência. Então houve muita alegria e também muita reflexão sobre como íamos fazer isso.

TMDQA!: Eu li sobre as limitações que vocês tiveram por conta do local, das Catacumbas. Então queria saber um pouco sobre a preparação para essa performance, já que vocês não podiam contar com tantos recursos. E também quero saber se houve algum ensaio por lá, ou se foi apenas aquela chance de gravar e de fazer tudo certo. Como foi essa dinâmica?

Dean: É, não teve nenhum ensaio nas Catacumbas. Tivemos três, eu acho, três ensaios com o pessoal das cordas antes, então fomos pra lá ainda cheios de incertezas. Então, você sabe, geralmente nos sentamos em um cômodo com todos em um círculo, onde todo mundo pode se ver e se ouvir perfeitamente. Aí descemos até lá e, ah, a câmera estava no meio do caminho para poder filmar. Os músicos estão do outro lado, então não consigo mais vê-los. Então todas essas brechas visuais que geralmente temos, lá não eram possíveis. E também tivemos restrições de tempo bem significativas. Tivemos que fazer tudo em um dia só, o que na verdade está ótimo. Não gostamos de ficar muito tempo martelando as coisas, de qualquer forma. E o outro elemento que estava em jogo era que Josh estava com muita dor enquanto estávamos lá. Então, por ele, queríamos fazer isso o mais rápido possível. Acho que não fizemos mais de três takes das músicas, algo assim. Algumas foram até menos. Então, por mais que a gente tenha se preparado, de várias formas, não há como se preparar de fato para o que acontece lá embaixo.

TMDQA!: E ficou incrível! Bem, preciso te perguntar isso… A performance abre com “Running Joke”, que é uma música que o Queens of the Stone Age nunca toca — mas vocês a tocaram durante uma performance gravada em 2007, numa Mina de Sal na Alemanha. Esse DVD acabou nunca sendo lançado… Você diria que a escolha dessa música foi tipo um presente para os fãs que ainda esperam por esse lançamento? E há alguma atualização sobre ele?

Dean: Não, sem atualizações no DVD da Mina de Sal. Mas, novamente, esse é só mais um exemplo desses ambientes, dessas experiências que tivemos que foram tão especiais. Mas escolher o setlist foi bem difícil, porque há tantas canções que achamos que se encaixavam nesse ambiente e, sabe, no fim, decidimos por escolher aquelas que achamos que contariam a história certa, que passariam a mensagem correta. São canções que representam a nossa carreira, certo? Então temos algumas novas, algumas antigas, e acho que conseguimos um equilíbrio muito bom, uma seleção que se traduz muito bem com as cordas e a instrumentação que usamos lá embaixo. E, sabe, não são músicas óbvias. Não são as que sempre tocamos, o que quer que seja o mais óbvio, então fomos para o lado oposto disso.

TMDQA!: E falando de setlist e de futuro… Quais são os planos do Queens of the Stone Age para os próximos meses? Shows, música nova, etc.

Dean: Bem, estamos bem focados neste momento. Temos alguns shows pra fazer nesse verão. Essa performance nas Catacumbas foi a última coisa que fizemos juntos. O Josh voltou pra casa e foi direto para o hospital em Los Angeles. Então essa foi a última coisa que fizemos no último verão. Tivemos que interromper nossa turnê naquela época. Então agora queremos recompensar com o máximo de shows que pudermos fazer. Mas estamos caminhando de novo, todo mundo está se sentindo muito bem. Então estamos em movimento, as coisas estão caminhando.

TMDQA!: Isso é ótimo! E há alguma chance de vocês virem ao Brasil em breve? Já que também houve um show cancelado por aqui [no The Town, em 2023].

Dean: Nossa, sei disso, e isso é definitivamente uma prioridade. Vamos amar quando isso acontecer. Ainda não tem nada marcado, mas vivo dizendo que quero tocar aí logo. Então estamos tentando, você sabe como essa coisa de turnê funciona, tem que fazer sentido. Mas não é por falta de vontade, estamos desesperados para ir aí logo. Vamos encontrar uma maneira, tenho certeza.

TMDQA!: E tem alguma memória de tocar aqui no Brasil que te marcou?

Dean: Olha, para mim, pessoalmente, não consigo apontar uma só. Acho que a última vez que estivemos aí, nós fizemos alguns shows com o Foo Fighters. Acho que foi na turnê do Villains. É, essa turnê foi incrível, poder tocar aí ao lado de vários amigos. Tocar em grandes estádios, como eles fizeram, foi algo que eu nunca tinha feito antes. Então essa oportunidade foi incrível. Mas a gente realmente ama muito a América do Sul e o Brasil, sempre é muito especial poder tocar aí. Me sinto muito grato por todas as vezes que pudemos fazer isso.

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TMDQA!: E pra fechar, não sei se você reparou no nome do nosso site, Tenho Mais Discos Que Amigos!. Então eu queria saber qual disco é o seu melhor amigo e por que?

Dean: Olha, eu penso bastante sobre isso, sabia? Porque quando eu era jovem, essa questão era fácil de responder. Eu tinha minha lista, e no topo estava Back In Black [do AC/DC] ou algo assim. E, ao longo desses anos, eu posso pegar qualquer um dos meus discos favoritos e ouví-los de novo, e vou me sentir da mesma forma que eu me sentia quando tinha 13 anos de idade. E Back In Black foi um desses pra mim, porque foi por conta dele que eu peguei uma guitarra para tocar. Mas também há tantos outros. Quando eu tinha 18 anos, eu comprei o Fun House [do The Stooges], Blonde on Blonde [de Bob Dylan] e Marquee Moon [do Television] no mesmo dia. E, em formas completamente diferentes, esses discos me inspiraram a criar. Acho que escolher é realmente difícil, porque, no fim, é sempre sobre os discos que me fazem querer criar e descobrir coisas novas. Então eu amo muito esses discos “eternos” para mim, os que nunca vou abandonar, mas não acho que consigo escolher um só.

TMDQA!: E o que você tem escutado ultimamente?

Dean: Ultimamente eu tenho escrito bastante, então não estou ouvindo muitas coisas. Outro dia ouvi um disco do David Shaw and the Beat que eu gostei… Engraçado, eu estava ouvindo muito reggae esses dias, por algum motivo, então entrei nessa vibe por um tempo. Também ouvi algumas compilações de Rock Nigeriano.

TMDQA!: Que incrível. E Dean, ainda temos alguns minutos, então não poderia deixar de te perguntar. Há algum plano no futuro para o Dead Weather?

Dean: Isso seria muito legal, né? Eu sinto muita falta da banda. Bem, é engraçado, o Jack [White] me mandou uma mensagem outro dia, porque foi o aniversário de 15 anos de Sea of Cowards, e eu não conseguia acreditar que já se passaram 15 anos. E Dodge and Burn vai fazer 10 em setembro. Então tem que acontecer… E talvez… Bem, todos esses discos só aconteceram porque estávamos em casa sem fazer nada. Se conseguirmos achar uma brecha na agenda de todo mundo, quem sabe. Mas não é por falta de vontade.

TMDQA!: Que massa, Dean, obrigada pelo papo! E parabéns por Alive in the Catacombs, o registro está incrível e os fãs vão amar, com certeza.

Dean: Obrigado também! Espero que nos vejamos em breve no Brasil.

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Stephanie Hahne

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