Pra Ficar de Olho: BAAPZ e seu “Embalo Sísmico”

Foto por Nanda Porto Rocha

Por entre placas tectônicas sentimentais e fenômenos atmosféricos internos, o álbum Embalo Sísmico, lançado por BAAPZ, chega como um verdadeiro tremor artístico vindo do underground de Juiz de Fora (MG). Repleto de metáforas científicas e um lirismo que cruza o existencialismo juvenil com elementos da geofísica e meteorologia, o trabalho confirma o nome do artista como uma das vozes mais originais da cena indie mineira contemporânea.

Ao longo de oito faixas, Pedro Baptista – nome do produtor e compositor – constrói um universo lírico onde o colapso emocional encontra paralelo em catástrofes naturais e anomalias climáticas. Há algo de quase apocalíptico nas letras, mas sempre com um viés poético, sensível e profundamente humano.

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Fusão de sentimentos

A abertura com “Abrigo Nuclear” já estabelece o tom do disco: versos sobre radiação, castigo, e isolamento traduzem com clareza o mal-estar moderno – ora hiperativo, ora apático. “Clima/tempo” funde o sentimental com o meteorológico ao narrar uma paixão que desregula a percepção térmica. Já “Vórtices” transforma a amada em ciclone, furacão e vendaval, numa das imagens mais marcantes do álbum.

Musicalmente, Embalo Sísmico transita entre o lo-fi rock, o indie alternativo e uma pitada de psicodelia nostálgica. A produção é caseira, crua, mas nunca desleixada – o que dá autenticidade às faixas, além de combinar com a estética introspectiva das composições. A entrega vocal de BAAPZ é contida, mas carregada de tensão, como se cada palavra estivesse prestes a desmoronar.

O humor ácido e o olhar crítico também têm espaço, como em “Maré de Azar”, que brinca com superstições enquanto revela a insegurança crônica de quem se sente à deriva. Em “Granizo”, a crítica geracional aparece com força, ao mesmo tempo em que expõe os ruídos na comunicação familiar e ideológica. Já “Quociente Infinito” brinca com matemática e caos, sugerindo um colapso lógico-emocional.

No final, faixas como “Sufoco” e “Contato Glacial (Gelo)” fecham o disco mergulhando em imagens de sufocamento e congelamento afetivo – como se o artista oscilasse entre vulcões e geleiras em busca de equilíbrio. Destaque também para os vocais de Amélia do Carmo da banda Varanda – parceira de Pedro – em “Sufoco”

BAAPZ e seu olhar singular

Embalo Sísmico é uma joia bruta, nascida no calor do quarto de um artista que observa o mundo com olhos científicos e coração vulnerável. É também mais uma prova da força e inventividade da cena musical de Juiz de Fora, que tem revelado nomes inquietos e potentes no cenário alternativo nacional. BAAPZ é, sem dúvida, um desses nomes. E merece atenção.

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Eduardo Ferreira

Pra Ficar de Olho: BAAPZ e seu “Embalo Sísmico”

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