“Antes do MC, eu era o ativista”: FBC lança “Assaltos e Batidas” e retorna ao boombap para reafirmar a urgência do hip hop político
O grito que ecoa das favelas, a revolta que pulsa nas entrelinhas do cotidiano, a batida suja do rap noventista. Em Assaltos e Batidas, FBC volta às origens com a precisão de quem carrega a história da quebrada no peito e nas rimas.
O álbum, lançado na última sexta-feira (6) pela ONErpm, é mais que um disco: é um manifesto. Um retrato cru, político e cinematográfico das contradições que atravessam o Brasil — e, principalmente, de quem sobrevive à margem dele.
Gravado em Belo Horizonte com produção de nomes como Coyote Beatz, Pepito, DJ Cost e Nathan Morais, o trabalho se estrutura em 11 faixas inéditas e se desdobra em um curta-metragem protagonizado por um jovem da favela seduzido pelo crime e confrontado por ideias revolucionárias.
A trilha sonora, composta a partir das músicas do próprio disco, costura a obra audiovisual e sonora numa experiência total. Como resume o próprio FBC: “É uma vivência. É o grito de quem sobrevive”.
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Um disco potente
Depois de reinventar o Miami Bass em Baile (2021) e flertar com a dance music em O Amor, o Perdão e a Tecnologia que Nos Une (2023), FBC dá meia-volta no tempo para mirar o futuro. Assaltos e Batidas mergulha no boombap — com samples, distorções e viradas explosivas — como uma escolha estética e política.
Não se trata de nostalgia, mas de reencontro. “Eu faço a música que eu quero ouvir e não encontro pra ouvir. É isso. A única vez que fui convencido a fazer algo diferente foi com o VHOOR, quando fizemos o Miami Bass”, conta.
As letras, entre colagens de Racionais MC’s, Facção Central e BaianaSystem, miram direto no coração do sistema. O disco propõe uma viagem — entre o ritmo da quebrada, a estética do crime, a violência do Estado e o confronto ideológico com discursos revolucionários. É seu disco mais politizado até aqui.
“Antes do MC, eu era o ativista. Esse álbum não é pra ganhar dinheiro ou Grammy. É um álbum de posicionamento. Eu entrei no rap por causa da política. Agora eu fiz o disco que eu queria fazer lá atrás, quando eu usava boné aba reta, calça larga e falava que a saída pro capitalismo era a revolução armada.”
O lado político de FBC
O ativismo, porém, não está apenas nas letras — mas também no gesto de permanecer onde tudo começa. FBC segue vivendo no bairro Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte, lugar que segue como fonte de inspiração e resistência.
“Quando tomei a decisão de continuar no Cabana foi um ato político também. Eu quero ser um porta-voz de onde eu vim. Pra que eu vou sair daqui e ir pra um lugar onde eu viro alvo? As pessoas ganham o primeiro milhão e acham que enriqueceram. Eu sei o valor do dinheiro.”
Assaltos e Batidas também representa um ponto de virada. Se Baile furou a bolha e ampliou o público, agora FBC quer delimitar quem se conecta com sua mensagem. “Quero que meu show seja um ponto de conexão, mas também de separação. Separar o joio do trigo. Não quero essa galera bolsonarista curtindo meu som, não. Quero criar um movimento.”
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Felipe Mascari
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