Artista brasileiro regrava icônico álbum do Pink Floyd com versões em Forró
Por Danilo Souza
Disponível nas plataformas digitais desde 20 de fevereiro deste ano, o The Xote Side Of The Moon é uma inusitada versão brasileira do aclamado disco The Dark Side Of The Moon, lançado há mais de cinquenta anos, em 1973, pelo Pink Floyd. Idealizado e produzido pelo músico mineiro André Lanari, o The Xote Side traz as já conhecidas faixas do grupo britânico repaginadas com instrumentos e ritmos da cultura do Brasil.
The Dark Side Of The Moon é o oitavo disco de estúdio do Pink Floyd, além de ser o primeiro de uma sequência com quatro álbuns criados a partir de uma história que une todas as músicas do início ao fim. O conceito para a sua criação teve grande influência da saída de Syd Barrett, um dos membros fundadores do grupo, que foi despedido por conta das suas condições mentais afetadas pelo uso excessivo de drogas.
Uma das formas de interpretar este disco é imaginar que o lado escuro da Lua seria como o momento em que o indivíduo está em sua própria realidade paralela, isolado em uma parte inexplorada de seus pensamentos e próximo da alucinação. Outros temas, como a ganância, presente em “Money” e a maneira como lidamos com o tempo, na faixa “Time”, são algumas reflexões que indiretamente levam ao mesmo caminho: a loucura.
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Como surgiu a ideia de regravar Pink Floyd em Forró
André Lanari, responsável por tirar essa ideia do papel, é um técnico de som e músico de navio de cruzeiro, mas que também já teve uma banda, a 7 Estrelo. E foi justamente nesse grupo que o rascunho inicial do The Xote Side Of The Moon surgiu, como ele conta:
“Essa ideia do forró e do xote veio desde muitos anos atrás quando eu tocava com uma banda chamada 7 Estrelo. A gente viajou muito tocando e era uma mistura de música eletrônica com canção, e foi aí que eu ficava pensando ‘cara, e se a gente fizesse uma mistura de forró com música eletrônica?’”
A versão em Xote do The Dark Side Of The Moon, curiosamente, vem de uma outra regravação, a The Dub Side Of The Moon, produzida no ritmo reggae pelo coletivo Eazy Star All-Stars. Lanari completou:
“Há uns vinte anos eu escutei uma versão do The Dark Side que se chama ‘The Dub Side Of The Moon’, de uns jamaicanos, e falei ‘cara, isso é genial’, porque o xote é como se fosse o nosso reggae, dava para fazer e ia combinar muito. Aí há um ano e meio eu decidi fazer isso”.
O processo de produção de The Xote Side Of The Moon
Em nossa conversa, André definiu o processo de produção do disco como “curioso”, já que alguns dos instrumentos, como a sanfona, foram gravados à distância, sem um encontro presencial entre os músicos.
“O processo do disco foi curioso porque o sanfoneiro eu ainda não conheci, foi tudo pela internet, eu o achei pelo Facebook. O tecladista acabou que virou meu amigo, que é de Belo Horizonte, mas também foi tudo feito pela internet, e o percussionista gravou o disco inteiro em três horas. A ideia do disco era fazer o Pink Floyd em xote, mas sem perder a essência mais psicodélica do disco, que são os sintetizadores e essa coisa mais viajada, e ele não tem guitarra, então o David Gilmour vai ficar bravo”.
O músico ainda adiantou que o projeto ganhará uma versão ao vivo, que será publicada no YouTube, além de uma turnê pelo país:
“A gente vai pro estúdio para gravar o show ao vivo, tocando na íntegra com todos os integrantes juntos (e eu só vou conhecer o sanfoneiro agora, pra você ter ideia) e lançar no YouTube como um DVD para as pessoas verem. A ideia é fazer uma turnê e agregar músicas nesse show, que vão desde as raízes brasileiras, com Luiz Gonzaga, Rolando Boldrin e Dominguinhos, e passar por outras interpretações que a gente tá avaliando, como Gênesis, Os Mutantes, pegar um pouco do Rock”.
The Xote Side Of The Moon: deu certo ou não?
O xote é um estilo que é conhecido e respeitado em todo país, mas, claro, tem muito mais força no Nordeste – e, enquanto nordestino, escutar esse trabalho foi satisfatório. Os instrumentais são tão completos quanto os da versão original, mas aqui com solos de sanfona e percussões que são características do estilo musical, como o triângulo e a zabumba, por exemplo.
Algumas canções se destacam, como “The Great Gig In The Sky”, “Time”, “Eclipse” e “Any Colour You Like”. Apesar de ter minhas favoritas, é difícil sequer ranqueá-las em uma ordem específica, até porque, na verdade, nenhuma faixa passa aquela vontade de parar de ouvir pela metade ou de pular para a próxima, assim como acontece com o disco original, e é legal perceber que esse detalhe foi preservado e respeitado na regravação.
The Xote Side Of The Moon é uma ideia curiosa mas bem executada, já que também mantém coisas importantes da gravação original, até mesmo detalhes mínimos nos contextos das canções, como o som das batidas de um coração em algumas das faixas, por exemplo, ao mesmo tempo em que se permite trazer o seu próprio estilo.
Você que, assim como eu, é um fã do Pink Floyd, já deve estar conformado que nunca mais veremos a banda tocando ao vivo mais uma vez, ainda mais com os conflitos entre Roger Waters e David Gilmour, além da morte do tecladista Richard Wright, que impede uma reunião com os membros originais. Contudo, ainda há tempo de aproveitar essa respeitosa homenagem que, acredite, pode até te colocar para dançar aí de casa!
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