BONSAI aposta tudo no segundo álbum e transforma o rap em roleta russa emocional

Foto: Reprodução

Se o rap é, como define BONSAI, um “esporte de contato”, seu novo álbum é o próprio ringue — ou melhor, uma roleta russa onde cada faixa pode ser vitória ou sangramento.

Composto por 20 faixas e produção assinada por CIANO, Rudgini e Carcamano, Sorte ou Revés não é apenas um disco de rap, mas uma travessia entre extremos: da luxúria ao luto, do jogo ganho à falência emocional, da ficção ao testamento de vida real. Lançado nas plataformas digitais, o projeto consolida BONSAI como uma das vozes mais afiadas e sensíveis da nova geração.

A estrutura do disco se organiza como um filme. Logo na introdução, colagens sonoras ambientam o ouvinte no universo de incertezas que atravessa o álbum. “Esporte de Contato”, faixa que ganhou clipe, serve como manifesto: o rap é combate direto, corpo a corpo contra um sistema desigual.

A sequência, “Teoria dos Jogos”, celebra os raros momentos de acerto — um lampejo de euforia em meio ao caos. Em “Yusuke”, BONSAI evoca o personagem do anime Yu Yu Hakusho para expressar sua dualidade: agressividade e sensibilidade coexistem em cada verso.

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Um disco com dois lados

O primeiro lado do disco é mais solar, apostando na estética do desejo e na leveza possível de quem sonha alto mesmo cercado por ruínas. Mas quando a sorte vira, o tom escurece. Faixas como “Vilão”, “Capuava” e “Roleta Russa” apontam diretamente para o Brasil da desigualdade, da especulação e da negligência, com destaque para a crítica socioambiental presente na faixa que carrega o nome da região industrial de Mauá, cidade natal do artista.

A virada acontece em “Vertigem”, a 13ª faixa, quando o número azarado vira presságio. O som se decompõe e a narrativa mergulha num espiral de declínio. “MAUAZOO” retrata a quebrada como uma selva de instintos. “Vício Inerente” expõe a queda de um pai consumido pela adicção. E “Um Sopro no Castelo de Cartas” é o capítulo final do personagem forjado nas ruas: morre BONSAI, nasce Miguel. A catarse chega em “Aqui Jazz”, faixa fúnebre onde o artista encontra sua própria humanidade, despido de armaduras e troféus.

No epílogo “Soma dos Pontos”, o saldo é amargo, mas necessário. BONSAI deixa a persona descansar e permite que o homem fale. O resultado é um álbum brutalmente honesto, que se recusa a maquiar a dor, mas também não perde a beleza de vista. Sorte ou Revés é menos sobre vencer o jogo e mais sobre jogar com dignidade — mesmo quando a banca está viciada.

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Felipe Mascari

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