Brandão lança “Isso É Trap” e resgata a essência do gênero como manifesto sonoro
Isso É Trap não é só o nome da nova mixtape de Brandão – é também uma declaração de intenções. Em 22 faixas inéditas, escritas em diferentes fases da sua vida, o rapper cearense apresenta um manifesto musical e pessoal que devolve o trap ao seu lugar de origem: a rua. “Esse é, sem dúvida, o meu trabalho mais íntimo até hoje. São músicas que eu carreguei comigo por anos, e agora encontraram o lugar certo pra existir”, diz o artista.
Reconhecido por sua originalidade e pela assinatura sonora que constrói dentro da 30PRAUM, Brandão vai além do estúdio. Ele mixou e masterizou todas as faixas da mixtape, num gesto que reforça sua recusa a se moldar ao mercado e a importância de manter o controle criativo sobre sua arte. “Mixagem também é arte. E se você conhece seu som, sabe onde quer chegar. Eu precisei colocar meu dedo nisso”, explica.
Isso É Trap é uma tape de texturas, experimentações e identidades. De “Baseado Ignorante”, com Wiu e produção de Bnyx (o mesmo que assina trabalhos com Travis Scott e Drake), à melancólica “Acima das Nuvens”, com versos de Desiree, sua companheira francesa, o trabalho se equilibra entre a vivência de rua e a intimidade do quarto, entre a estética da ostentação e a vulnerabilidade das rimas que não pedem permissão para existir.
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Um manifesto do trap
A mixtape também reúne feats com nomes relevantes da cena como Jé Santiago, Jovem Dex, Jimmy, Alee, Levianinn e Che Ecru — artista americano de R&B que oferece uma camada melódica ao som cru de Brandão.
Em “100% molho”, por exemplo, o artista revisita sua passagem pela Haash com uma crítica à indústria: “Pra que serve a gravadora? Nós mermo se grava”, canta com ironia e liberdade. Já em “Migos”, gravada literalmente deitado no chão de um hotel, Brandão mostra o lado improvisado e visceral da criação: “Tô vivendo o trap, maninho”.
Mas Isso É Trap não é só sobre beats. É também sobre política, estética, atitude. Brandão se preocupa com o esvaziamento cultural do gênero diante de sua ascensão comercial. “O trap virou mainstream, mas veio da rua. Nenhum movimento de rua sobrevive se a gente esquece da rua. É um estilo de vida, é sobre comportamento, linguagem, fé, festa, dor e superação”, afirma.
Novos limites para Brandão
Essa conexão foi levada para as ações de divulgação: uma faixa lançada em MP3 players distribuídos para fãs no centro de São Paulo, bandeiras gigantes penduradas no Anhangabaú e eventos gratuitos em várias cidades do Brasil, onde o público se reunia para ouvir, pela primeira vez, o projeto. “Me senti muito conectado com quem consome minha música. É isso que move tudo”, diz.
Para Brandão, a mixtape foi também uma forma de romper limites criativos. “Não me prendo. A ideia é experimentar, testar ideias, mostrar que cozinho a música mesmo. Eu escuto muito rap, muito trap, e essa fome criativa me guia”, conta. Em um cenário cada vez mais normatizado, ele faz da autenticidade sua resistência: “Já vi várias bandas se curvarem ao mercado. Eu não. Não posso. Perder a identidade é perder tudo”.
Isso É Trap vai além da ideia de ser uma mixtape, ele é um posicionamento do rapper. E ao reafirmar a força do trap como cultura periférica viva, Brandão entrega sua mixtape como quem abre o peito, e com ela, convida o público a sentir, pensar e reagir.
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Felipe Mascari
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