Gilberto Gil encanta Belo Horizonte com “Tempo Rei” – veja vídeos e setlist do show histórico no Mineirão
“Hoje, o melhor lugar do mundo é aqui, é agora!” – essas palavras, ditas por Gilberto Gil no início de seu show no Mineirão, já demonstravam o clima de celebração que tomaria conta do estádio em Belo Horizonte na última noite de sábado (14). A apresentação fez parte da turnê Tempo Rei, que marca a despedida de Gil dos grandes palcos – e não poderia ter sido mais emblemática.
Aos 82 anos, Gil, uma das maiores lendas da música brasileira, levou 55 mil pessoas ao delírio com uma retrospectiva de sua carreira de mais de seis décadas. A noite começou com um atraso de aproximadamente meia hora, mas o público, ansioso, não se incomodou.
Quando as luzes se apagaram e os fogos de artifício explodiram no ar, o Mineirão foi tomado por uma onda de energia positiva. Gil entrou no palco com sua presença única, iniciando o show com o clássico “Palco”, seguido de “Banda Um” e a música que dá nome à turnê, “Tempo Rei”. A conexão imediata com a plateia foi notável, e o espetáculo já prometia ser histórico.
Viagem ao tempo
Ao longo das duas horas e meia de show, Gil passeou pelas músicas que marcaram sua trajetória, levando a todos a uma viagem musical que ia da década de 1960 aos anos 1980.
O repertório foi cuidadosamente montado, com 29 canções que abarcaram momentos de sua carreira mais introspectivos, como “Se eu quiser falar com Deus”, até os ritmos mais dançantes de “Expresso 2222” e “Aquele Abraço”. A seleção de músicas fez uma bela homenagem à sua obra, enquanto Gil alternava entre momentos de alegria e reflexão, levando o público a uma verdadeira viagem no tempo.
Entre os momentos mais marcantes, destacam-se a performance de “Cálice”, música emblemática que foi censurada durante a ditadura militar. Antes de cantá-la, Gilberto e Chico Buarque – em vídeo – relembraram o contexto de censura da época. O momento foi tenso e comovente, e o Mineirão ecoou o grito de “sem anistia” do público, que reforçou a carga política da apresentação. No telão, imagens de vítimas da ditadura, como Rubens Paiva e Vladimir Herzog, tornaram a performance ainda mais profunda, sensível e poderosa, arrancando lágrimas de muitos presentes.
Outro ponto alto da noite foi a participação de Samuel Rosa, vocalista do Skank, que se juntou a Gil para um dueto de “Vamos Fugir”. O encontro de dois ícones da música fez todos os presentes vibrarem e dançarem ao som reggae, com uma interação contagiante e uma energia extra à já eletrizante apresentação.
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Gil: atemporal
Apesar da idade, Gil não mostrou sinais de cansaço. Sua vitalidade e energia, mesmo em um tom de voz mais baixo, eram evidentes e deram um toque especial a todo o espetáculo. Ele se entregou à apresentação com um sorriso generoso, não só cantando, mas interagindo com o público e fazendo todo o Mineirão se emocionar e se divertir.
Como se não bastasse, o momento mais íntimo da noite trouxe Gil de violão na mão, acompanhado por um quarteto de cordas e trompete, para interpretar suas canções mais introspectivas, fazendo o público se emocionar em cada nota.
Ao final, com “Toda Menina Baiana”, o cantor se despediu da plateia de maneira memorável, entregando um espetáculo que será lembrado por muito tempo como um dos mais emocionantes de sua carreira.
Gilberto Gil e Turnê Tempo-Rei
Este show não foi apenas um show de despedida, mas um testamento da longevidade de Gilberto Gil como artista, da sua relevância histórica e de sua eterna capacidade de emocionar e unir gerações. Em Belo Horizonte, Gil mostrou, mais uma vez, que o melhor lugar do mundo é, sim, aqui e agora, sob a sua música imortal.
A turnê continua com diversas apresentações pelo país. Você pode adquirir ingressos aqui.
Setlist de Gilberto Gil em Belo Horizonte
- Palco
- Banda Um
- Tempo Rei
- Cidade de Salvador
- Eu Só Quero um Xodó
- Eu Vim da Bahia
- Procissão
- Domingo no Parque
- Cálice
- Expresso 2222
- Refazenda
- Refavela
- Realce
- Andar com Fé
- Drão
- Vamos Fugir (com Samuel Rosa)
- Barracos
- A Nobreza
- Realce
- A Gente Precisa Ver o Luar
- Punk da Periferia
- Extra II (O Rock do Segurança)
- Se Eu Quiser Falar com Deus
- Drão
- Estrela
- Esotérico
- Expresso 2222
- Andar com Fé
- Emoriô
- Aquele Abraço
Bis:
- Esperando na Janela
- Toda Menina Baiana
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Eduardo Ferreira
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