“Insulto”: banda feita com IA ultrapassa números de grupo real que usou como inspiração

O uso da inteligência artificial na criação musical não é novidade, mas os desdobramentos recentes têm causado cada vez mais controvérsia. A banda galesa Holding Absence, referência do Rock Alternativo moderno, se tornou alvo de uma situação que evidencia a rapidez com que projetos gerados por IA estão conquistando espaço.
Na última semana, o vocalista Lucas Woodland expôs sua indignação após descobrir que o Bleeding Verse, uma “banda” inexistente criada com auxílio da tecnologia, ultrapassou os números do grupo no Spotify. Enquanto o Holding Absence soma cerca de 851 mil ouvintes mensais, o projeto artificial já passa de 900 mil, mesmo tendo surgido há apenas dois meses.
O Bleeding Verse não esconde suas influências: no próprio canal do YouTube, há a descrição de que suas músicas são inspiradas por artistas como Dayseeker e, principalmente, o próprio Holding Absence. A produção utiliza instrumentais e vocais gerados por IA, mas busca manter a estética e atmosfera emocional que marcam o som de bandas humanas. “Um projeto com letras humanas, transformadas em canções pela IA”, define o perfil do Bleeding Verse no Spotify.
Para Woodland, o avanço desse tipo de iniciativa representa um risco para o futuro da música. Em um desabafo em sua conta no X (antigo Twitter), ele diz:
Então, uma ‘banda’ de IA que nos cita como influência (ou seja, é modelada a partir da nossa música) acabou de nos ultrapassar no Spotify, em apenas DOIS meses.
É chocante, é desanimador, é insultante – e, mais importante que tudo – é um alerta.
Oponham-se à música feita por IA, ou bandas como a nossa deixarão de existir.
A rapidez do crescimento pela IA
O Bleeding Verse estreou em julho com o álbum I Became What You Broke, e desde então tem alimentado a plataforma com uma enxurrada de lançamentos – singles, EPs e composições geradas em larga escala. A faixa mais popular do projeto, “If You Loved Me Then”, já acumula mais de 2,6 milhões de streams. Essa estratégia de lançamentos constantes ajuda a impulsionar os números no Spotify, algo que bandas humanas dificilmente conseguem acompanhar devido às limitações naturais do processo criativo.
Enquanto isso, o Holding Absence, formado em 2015 em Cardiff e atualmente contratado pela SharpTone Records, segue consolidando sua carreira com trabalhos autorais. O maior sucesso da banda, Afterlife (2021), ultrapassa 89 milhões de reproduções.
E a polêmica não envolve apenas o Holding Absence. Em junho deste ano, outra “banda” inexistente chamada The Velvet Sundown, voltada para o psicodelismo, alcançou mais de 500 mil ouvintes mensais no Spotify, o que também gerou debates sobre o futuro da música. Esses números revelam como a IA pode, em pouco tempo, conquistar uma audiência massiva sem a necessidade de shows, turnês ou o desgaste de um processo artístico tradicional.
Diante da pressão crescente, o Spotify anunciou recentemente que está reforçando sua política contra faixas geradas por IA, removendo mais de 75 milhões de músicas consideradas “spam” no último ano.
OUÇA AGORA MESMO A PLAYLIST TMDQA! RADAR
Quer ouvir artistas e bandas que estão começando a despontar com trabalhos ótimos mas ainda têm pouca visibilidade? Siga a Playlist TMDQA! Radar para conhecer seus novos músicos favoritos em um só lugar e aproveite para seguir o TMDQA! no Spotify!
O post “Insulto”: banda feita com IA ultrapassa números de grupo real que usou como inspiração apareceu primeiro em TMDQA!.
Stephanie Hahne
“Insulto”: banda feita com IA ultrapassa números de grupo real que usou como inspiração