Jimmy Cliff e sua conexão poderosa com Salvador

A forte conexão entre Jimmy Cliff e Salvador
Foto por Walter Ennes

O mundo da música se despediu do influente cantor, compositor e multi-instrumentista jamaicano Jimmy Cliff, nesta segunda-feira (24).

Considerado um dos ícones do Reggae mundial, o músico que também ajudou a moldar outros gêneros como Ska e Rocksteady, faleceu aos 81 anos após sofrer uma convulsão seguida de um quadro de pneumonia.

Para o público brasileiro, a partida de Jimmy Cliff tem um peso ainda mais tocante. Isso porque o cantor sempre demonstrou um carinho muito especial pelo Brasil, país com o qual estabeleceu uma forte conexão. E vale destacar também sua ligação profunda com Salvador, onde construiu laços profissionais e pessoais que marcaram sua trajetória.

Memórias de Jimmy Cliff em Salvador

Enquanto o Reggae começava a ganhar força na Bahia ao longo da década de 1980, Jimmy Cliff fez diversas visitas ao estado, chegando a morar por um período em Salvador, e, cada vez mais, explorava a cultura local que acabou influenciando algumas de suas obras.

A primeira apresentação mais marcante do artista jamaicano em Salvador aconteceu ao lado de Gilberto Gil, em um show na Arena Fonte Nova, que reuniu cerca de 60 mil pessoas. Naquele mesmo período, o músico ainda passou por diversas cidades do Brasil em uma turnê conjunta com Gil.

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E as parcerias musicais entre Cliff e artistas baianos não pararam por aí. Entre o final dos Anos 80 e início dos Anos 90, o jamaicano gravou em Salvador parte do seu disco Breakout, lançado em 1992.

A obra contou com a contribuição da banda baiana Ara Ketu, que ficou responsável pelos arranjos da faixa-título e também de “War Africa” e “Samba Reggae”. Essa última, inclusive, ganhou um clipe registrado no Centro Histórico da capital baiana, fortalecendo ainda mais a conexão entre Cliff e Salvador.

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Já em 1999, Jimmy gravou nos estúdios da WR em Salvador a música “No Woman No Cry” para o disco A Música do Olodum – 20 Anos e, de acordo com o perfil oficial do bloco, eles também gravaram juntos a faixa “Reggae Odoya”.

Em sua conta do Instagram, o Olodum se manifestou sobre o falecimento de Cliff, dizendo:

“O Olodum lamenta profundamente o falecimento de Jimmy Cliff, ícone mundial do reggae e artista cuja obra exerceu influência decisiva na música e na cultura afro-diaspórica. Jimmy Cliff deixou um legado de diálogo entre povos, defesa da paz, valorização das raízes e afirmação cultural.

Sua trajetória também marcou a Bahia e especialmente o Olodum, já que tivemos o privilégio de gravar com ele duas músicas, Reggae Odoya e Woman No Cry, nos anos 90. Expressamos nossa solidariedade à família, aos amigos e aos admiradores deste grande mestre. Sua arte seguirá inspirando gerações.”

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Foto por Mauricio Almeida 

Porém, a história de Jimmy Cliff com Salvador vai muito além da música. Durante o período em que morou em Salvador, Jimmy Cliff se tornou pai de Nabiyah Be, fruto de sua relação com a psicóloga baiana Sônia Gomes.

Nabiyah, que também é cantora e atriz, revelou certa vez em uma entrevista (via gshow) que Margareth Menezes foi quem apresentou seus pais durante uma cerimônia de ayahuasca na praia que aconteceu na capital baiana. “Sou fruto dessa união sagrada”, apontou ela.

Em conversa com o TMDQA! em 2023, a artista contou que participou de um show de Margareth quando tinha apenas 7 anos de idade, onde cantou o clássico “Me Abraça e Me Beija”, de Lazzo Matumbi, que também foi interpretada por ela e seu pai em uma das turnês de Cliff.

Nabiyah nasceu e foi criada em Salvador e já contou que Jimmy morou com ela e sua mãe até os seus 11 anos. A artista estreou no cinema mundial interpretando a personagem Linda no filme de sucesso Pantera Negra e também ficou conhecida por sua personagem Simone, na aclamada série Daisy Jones & The Six.

Este ano, Nabiyah Be voltou a se dedicar à música e lançou seu primeiro disco de estúdio, O Que o Sol Quer, com faixas em inglês e português. Em março, a artista compartilhou em suas redes sociais registros do dia em que mostrou para seu pai as músicas do seu álbum de estreia.

A contribuição de Jimmy Cliff para o samba-reggae continuou sendo celebrado ao longo dos anos em Salvador. Em 2023, no primeiro Carnaval após a COVID-19, o músico jamaicano foi homenageado pelo Bloco Aspiral do Reggae, que desfilou na capital baiana com o tema “Reggae Night na Avenida”.

Sua música, seu talento excepcional e sua energia única serão lembrados para sempre! Descanse em paz, Jimmy Cliff.

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Lara Teixeira

Jimmy Cliff e sua conexão poderosa com Salvador