Liév Maru transforma término em arte no disco-conceito “Lágrimas Furta-Cor”

A música sempre foi o refúgio de Liév Maru. Desde os 11 anos, quando ainda assinava como Kauá Marujo, ele já explorava beats e gravações caseiras por pura curiosidade, tentando entender como os rappers underground que ouvia criavam seus universos sonoros.
Sete anos depois, essa brincadeira adolescente se transformou em ofício, aprendizado e, agora, em reinvenção. O rapper decidiu recomeçar sua trajetória do zero, sob um novo nome e com um projeto que resume esse ponto de virada: Lágrimas Furta-Cor.
O disco reúne cinco músicas e cinco skits que se entrelaçam para contar a história de um término. É uma narrativa quase cinematográfica, que vai da dor mais crua até a aceitação, traduzida em sons e diálogos íntimos que funcionam como desabafos. “Quis fazer algo que refletisse exatamente quem eu sou hoje. Esse disco é meu diário, mas também pode ser de qualquer pessoa que já viveu esse luto”, explica.
Quem é Liév Maru?
O encontro de Liév com a música começou cedo, motivado por curiosidade e paixão. Ele lembra que, ainda criança, buscava no YouTube tutoriais de produção musical e experimentava sem pretensão. “Foi uma das melhores decisões da minha vida. Nos momentos em que eu não sabia me expressar, a música me dava voz”, diz.
O processo de amadurecimento o levou a experimentar diferentes fases e sonoridades até perceber que o que havia construído já não representava sua essência. O recomeço foi, então, inevitável. “Era como se tudo o que eu tinha feito refletisse uma versão antiga de mim. O rap me salvou porque sempre foi um espaço de encontro comigo mesmo”, completa.
Natural de Ponta Grossa-PR, Liév cresceu cercado de uma cena local fértil, com batalhas e artistas promissores. Mas seu percurso foi moldado principalmente pelas conexões online. Foi pela internet que conheceu parceiros de diferentes estados e juntos formaram o selo Alcaloid (Alca Recordz), que se tornou sua base criativa.
“A internet ampliou minha vivência. Conheci pessoas que se tornaram irmãos de caminhada, como JP Nicoli, Jovem Cisne, Bakira e MF Druida. Com eles, aprendi, cresci e me fortaleci”, afirma. No novo disco, essa rede se manifesta em colaborações como a de Abda, artista da mesma cidade, na faixa “Estrelas Mortas Sob o Céu de Outono”.
Lágrimas Furta-Cor: um diário em camadas
Produzido ao longo de oito meses, o álbum parte da experiência pessoal de um fim de relacionamento. Cada faixa reflete uma fase do luto: culpa, negação, nostalgia, depressão e aceitação. O título remete a essa multiplicidade de sentimentos. “As lágrimas mudam de cor conforme a emoção. Quis traduzir isso: a dor não é linear, ela é multifacetada”, explica.
Os skits funcionam como uma espécie de coração do disco. Escritos ao lado da amiga Ana, são conversas íntimas que dão unidade ao projeto. “Eles não estão ali por acaso. Trouxeram intimidade e deixaram o álbum mais humano. Quanto mais íntimo, mais as pessoas se identificam”, defende.
Entre os maiores desafios, Liév cita justamente os interlúdios — que exigiram dele uma atuação pouco natural. Ainda assim, o resultado final o deixou satisfeito. Outro ponto foi lidar com o tempo: “em oito meses, muita coisa muda”, diz. Revisitar as faixas exigiu disciplina e resiliência.
O lançamento, porém, marca para ele uma virada de chave. “Sinto que é meu melhor projeto até agora. Ele mostra a essência do meu som e minha visão de mundo. Quero que as pessoas encontrem nele algo para levar para a vida. Meu sonho é viver da arte, reinvestir na música e expandir cada vez mais minhas ideias.”
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Felipe Mascari
Liév Maru transforma término em arte no disco-conceito “Lágrimas Furta-Cor”