Liquid Death, Eternal Ozzy: como a lenda do Rock monetizou seu DNA
Ozzy Osbourne acaba de lançar uma campanha com a Liquid Death. E, dessa vez, ele não está vendendo uma autobiografia, uma camiseta, nem um NFT (?!). Está vendendo… seu DNA.
Sim, você leu certo.
Aos 75 anos, diagnosticado com Parkinson, se despedindo dos palcos, Ozzy decidiu colocar à venda uma edição limitadíssima de dez latas de chá gelado com traços da sua saliva. A ação foi criada em parceria com a Liquid Death, marca que transformou água enlatada em lifestyle de gente descolada, com sede de conteúdo. As latas, numeradas, assinadas e embaladas em potes que lembram frascos de coleta de laboratório, foram vendidas por 450 dólares cada. E esgotaram quase imediatamente.
Continua após a imagem

“Clone me, you bastards!” diz Ozzy no vídeo da campanha. Uma frase que, para quem acompanhou as últimas décadas do marketing musical, diz muito mais do que parece. Enquanto o mundo lamenta que os grandes ídolos estão envelhecendo e morrendo, o Madman, sempre ele, encontra uma forma de se eternizar. Não só como lenda. Mas como propriedade genética. Ou, no mínimo, como storytelling imortal em edição limitada.
Continua após o vídeo
A Liquid Death já tinha flertado com o príncipe das trevas em campanhas anteriores, mas aqui decidiu extrapolar qualquer limite simbólico entre produto, corpo e cultura. A saliva de Ozzy, capturada durante um gole de chá é a desculpa perfeita para transformar um líquido reciclável em relíquia.
Não importa se o DNA ainda estará intacto dentro da lata ou se seria possível cloná-lo (rs… já pensou?). A ironia está justamente aí. Essa campanha não é sobre ciência: é sobre fé. Fé na marca, no ídolo, e principalmente no capital simbólico de ser dono de algo que ninguém mais terá.
Ozzy Osbourne x Liquid Death
A ideia é genial, absurda e inevitavelmente desconfortável. Porque, no fundo, ela expõe o que o mercado já faz há tempos com suas lendas. As espreme, enlatando o mito até que ele possa ser vendido, consumido e, se possível, colecionado.
O que Ozzy faz é assumir isso com gosto e uma gargalhada debochada. Ele sabe que virou um avatar de si mesmo. E que, ao brincar com a ideia de clonagem, está apenas dizendo em alto e bom som: “vocês já me consumiram de todas as formas possíveis, agora é literal”.
Continua após a imagem

E como todo bom ato final, essa campanha chega às vésperas de um evento histórico: o último show da formação original do Black Sabbath, marcado para julho, em Birmingham, cidade natal da banda. Um espetáculo de despedida e celebração que levanta fundos para instituições de caridade e também serve como capítulo final de um mito que jamais será replicado. Pelo menos não com sucesso.
Ozzy está dizendo adeus do jeito que só Ozzy conseguiria. Transformando seu corpo em produto, seu DNA em narrativa, e seu humor ácido em crítica silenciosa a toda a cultura que ajudou a criar. A mesma cultura que, décadas depois, ainda vive tentando encontrar autenticidade no hype.
Continua após a imagem

E no fim das contas, é isso que a campanha entrega: um lembrete incômodo de que o rock pode ter virado, um pouco, museu, mas sempre será uma marca forte no mundo. E que entre turnês de despedida e latas de DNA, seguimos tentando decidir o que ainda é arte e o que já virou memorabilia.
Kill your idols. E, se der, clone-os depois.
OUÇA AGORA MESMO A PLAYLIST TMDQA! CLASSICS
Clássicos incontestáveis do Rock And Roll e da Música Brasileira aparecem nessa seleção especial do Tenho Mais Discos Que Amigos! Siga a Playlist TMDQA! Classics e aproveite para viajar no tempo com muita nostalgia. Aproveite e siga o TMDQA! no Spotify!
O post Liquid Death, Eternal Ozzy: como a lenda do Rock monetizou seu DNA apareceu primeiro em TMDQA!.
Gustavo Giglio
Liquid Death, Eternal Ozzy: como a lenda do Rock monetizou seu DNA
Publicar comentário