Mateus Fazeno Rock apresenta nova fase com o show de “Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem” na Casa Natura Musical

O talentosíssimo Mateus Fazeno Rock tem um encontro marcado com o público de São Paulo neste domingo, 28 de setembro, dia em que ele irá apresentar seu disco recém-lançado Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem na Casa Natura Musical.
O novo trabalho, sucessor de Rolê nas Ruínas e do elogiado Jesus Ñ Voltará, marca uma nova fase do multiartista cearense, que agora abre espaço para falar sobre sonhos, prazer, saúde e amor, sem deixar de lado o olhar crítico que sempre acompanhou suas obras.
Em uma conversa recente com o TMDQA!, Mateus compartilhou alguns detalhes sobre o contexto do seu terceiro disco de estúdio que, através de novas temáticas e uma fusão de estilos musicais, consolida o que ele define como “rock de favela”. Sobre essa bandeira que acompanha o artista desde o início de sua carreira, ele apontou:
“O rock de favela é mais uma demarcação da musicalidade que eu venho buscando trabalhar, mas também uma demarcação do meu lugar e de algumas outras pessoas no rock do Brasil, principalmente. O que tem de diferente é um imaginário que vem sendo explorado dentro da minha música, a mistura do rock com outros ritmos afrodiaspóricos, principalmente ritmos de música negra, que fazem com que ele tenha características únicas.”
Leia a entrevista completa ao final da matéria!
Mateus Fazeno Rock tem show marcado em São Paulo
No dia 28 de setembro, Mateus Fazeno Rock apresenta suas novas canções e os sucessos dos discos anteriores no palco da Casa Natura Musical, em São Paulo, em show que promete transmitir toda a intensidade e as camadas deste projeto recém-lançado.
O músico será acompanhado por DJ Viúva Negra, Jocasta Britto e Mumutante (backing vocal) e também pelo Baile: Larissa Ribeiro, Rafa Lima e Raffar Ygá. Fernando Catatau, que assina a produção ao lado de Mateus e Rafael Ramos, faz uma participação especial nesse show tocando guitarra.
Os ingressos para a apresentação ainda estão disponíveis e variam entre R$30,00 e R$180,00 dependendo do setor escolhido. Você pode adquirir o seu no site do Sympla.
TMDQA! Entrevista Mateus Fazeno Rock
TMDQA!: “Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem” chegou depois de “Rolê nas Ruínas” e do super elogiado “Jesus Ñ Voltará”. E eu queria saber qual foi o contexto por trás da criação desse novo disco, o que te provocou a escrever essas músicas?
Mateus Fazeno Rock: Então, eu acho que o que me provocou a escrever essas músicas foi uma reflexão que eu venho fazendo e uma necessidade que foi surgindo ao longo do meu processo de composição, que é meio contínuo, não é tipo assim, eu paro pra escrever um álbum, enfim, eu vou escrevendo continuamente. E, nesse processo, principalmente em relação à turnê do “Jesus Ñ Voltará”, fui sentindo uma necessidade quase que espiritual, digamos assim, porque as histórias que o “Jesus Ñ Voltará” canta são muito densas, né? Em sua maioria, são mensagens densas, memórias densas, e eu passando por esse processo de memória, de autobiografia dentro da obra. Então, acaba que demanda bastante, mentalmente também, cantar sobre isso, defender essa história e tudo. Então, eu fui sentindo de fato uma necessidade de abrir o meu próprio horizonte pra outro ponto de vista da minha vida. E aí, acho que com isso e com o amadurecimento, com a continuidade do trabalho, vem essa necessidade de escrever sobre sonhos, sobre bem-estar, sobre prazer, sobre as vontades, sobre a saúde, sobre o amor, né? Acho que acaba sendo um caminho natural dentro do contexto dos discos que eu lancei. É algo que eu observo assim.
TMDQA!: O título desse disco tem um simbolismo, né? Queria saber se você escolheu esse nome antes ou depois de escrever a música de abertura e como essa frase resume o que você quer transmitir com esse disco?
Mateus Fazeno Rock: A música virou título do álbum, né? Já quando eu escrevi o primeiro trechinho dessa música, que eu nem sabia ainda como ela ia se desenrolar, o que ela ia virar, em que lugar do álbum ela ia estar. Mas, quando eu pensei no álbum, comecei a conceber o álbum, essa frase já veio como uma frase-chave que evoca tudo o que o álbum quer trazer. Um álbum que o tempo todo, sob várias perspectivas, vai falar sobre bem-estar, sobre bem-viver, sobre a qualidade de vida de um determinado grupo, da galera lá das áreas, digamos assim. O grupo demográfico é esse. Acho que é uma frase que representa bem o que o álbum chama, o que ele evoca, o que ele pede, o que ele anuncia. Essa frase, pra mim, cumpre esse papel.
TMDQA!: O que te motivou a escolher “ARTE MATA” e “Melô do Sossego” como as prévias deste disco?
Mateus Fazeno Rock: Eu acho que elas representam bem duas facetas antagônicas da mesma obra. São as duas faces da mesma moeda, o mesmo gume da faca, digamos assim. Por um lado, uma música mais densa e com um formato menos tradicional de canção. Que envolve spoken word, envolve a poesia falada, envolve um longo trecho instrumental. Um dos motivos foi também dar destaque a uma faceta que tem nesse álbum, um espaço que não tinha tanto nos outros, que é essa coisa de explorar a musicalidade a partir dos instrumentos, explorar trechos instrumentais dentro das obras. Com exceção de algumas introduções ou pequenas pontes, os outros discos são muito diretos para o formato canção, e os arranjos são muito ligados ao próprio texto. Então, essa obra conseguiu ter vários espaços de instrumental, e “Arte Mata” é uma das faixas que mais tem isso.
Por outro lado, eu acho que traz uma mensagem urgente e representa bastante o meu momento, o momento do coletivo e os pensamentos que a gente precisava trazer pro mundo em relação ao nosso lugar na arte. E na sequência a gente trouxe “Melô do Sossego”, que apesar de ter uma melodia leve, que vai embalando esse próprio sossego que ela chama, uma melodia mântrica que só vai se repetindo até o final, ela ainda traz uma mensagem que se soma com a de “Arte Mata”. Ela fala, “parece que estou correndo pra lugar nenhum, não ter esperança cansa”. Essa é a primeira frase da música. Só que ela é cantada de um jeito tão suave que pode passar despercebido o que está sendo de fato cantado.
TMDQA!: E nos seus trabalhos você reúne uma série de estilos musicais, indo do punk e funk brasileiro ao reggae, dub e R&B. Qual é o principal desafio em juntar esses ritmos e conseguir algo coeso e interessante como a gente encontra nesse disco?
Mateus Fazeno Rock: Eu acho que à primeira vista, pensando nos ritmos isolados, eles são de fato ritmos que talvez nunca nem conversaram entre si, em algum momento da história da música, da arte, eles nem se encontraram. Porém, eu acho que o fato de estarem amarrados pela própria narrativa do álbum, o fato de eu chamar uma mesma galera pra tocar todos os ritmos, ajuda a criar unidade dentro da obra. Esse é o desafio. Por outro lado, acho que isso é uma qualidade que deixa os discos bem dinâmicos, cheios de surpresas. A sensação é que, mesmo eu conhecendo a obra, mesmo eu tendo composto e produzido, ainda assim dá a sensação de que você não sabe bem o que vem na próxima faixa. Não dá pra dizer que uma música minha é igual à outra, porque elas são muito diversas.
TMDQA!: No material de divulgação do disco, vocês descreveram que as faixas desse terceiro disco consolidam o que você chama de “rock de favela”. O que é essa bandeira do Rock de Favela que você tem levantado desde o início de sua carreira?
Mateus Fazeno Rock: O rock de favela é mais uma demarcação da musicalidade que eu venho buscando trabalhar, mas também uma demarcação do meu lugar e de algumas outras pessoas no rock do Brasil, principalmente. O que tem de diferente é um imaginário que vem sendo explorado dentro da minha música, a mistura do rock com outros ritmos afrodiaspóricos, principalmente ritmos de música negra, que fazem com que ele tenha características únicas. No primeiro disco, por exemplo, eu trabalhei com poucos recursos e fiz um disco que está bem vinculado ao grunge, mas ali a gente também já trabalhava com percussão do funk e a dinâmica do dub e todos esses ritmos são ritmos de favela. E acho que tem uma característica no jeito que eu canto que exprime essa personalidade do rock dentro de tudo que venho criando. Rock de favela é um rock que trabalha essas temáticas de periferia de diversas formas, vem dessa memória, desse imaginário, e tem esse compromisso com a memória da favela, mas trabalha o rock sem estar preso a uma fórmula que foi engessada e criada, reformulada ao longo dos anos. Ele contrapõe o apagamento da origem do rock.
TMDQA!: Mesmo explorando outros gêneros, você se tornou um representante do Rock no Brasil. Qual é a sua visão sobre o papel do rock no cenário musical brasileiro atual?
Mateus Fazeno Rock: Eu sinto que ele vem se renovando e se ressignificando de uma forma muito positiva, porque o imaginário foi sendo tomado de forma que ele ganhou um distanciamento das pessoas. Acho que não tem a ver só com o mercado, tem a ver com a cultura também, com linguagem, com discurso. O rock se afastou das pessoas, principalmente das pessoas negras, principalmente da juventude. Então, acho que a gente está vivendo um tempo em que tanto os artistas mais antigos do rock estão tentando se renovar, quanto pessoas que não tinham tanto espaço dentro do cenário estão surgindo, criando novos trabalhos, novas formas de se expressar dentro da linguagem do rock. Até o metal tem se renovado. Eu acho que o rock precisa ser retomado neste lugar de memória, de lembrar das raízes e refazer o caminho para ver o que vem daí, a partir dessa tomada de consciência.
TMDQA!: Sobre esse equilíbrio que os ouvintes encontram em suas músicas, abordando tanto momentos mais otimistas como indignações. Esse é um processo que surge naturalmente na sua composição, ou é um direcionamento que você já tinha em mente quando começou a criar esse disco?
Mateus Fazeno Rock: Então, como eu falei, o meu processo de composição é muito contínuo. Não é que eu pare para escrever um disco, eu vou compondo ao longo do dia a dia mesmo, em algum momento eu paro e reorganizo aquilo que eu venho escrevendo e percebo coisas em comum que acabam agrupando aquilo como obra. Então, eu acho que essas dicotomias são enriquecedoras para o disco, mas acho que para além de tudo elas não são só dicotomias, elas estão em conexão mesmo. Eu acho que a personalidade desse álbum, o “Lá NA Záreas Todos Quero Viver Bem”, que é um disco que está falando de bem-estar, mas do lugar de alguém que ainda… de um grupo de pessoas que ainda não conquistou esse bem-estar. Então, até nas faixas que falam de amor, a gente está falando ali da correria, do cotidiano, da grana que ainda não se tem, dos acessos que ainda não se tem.
E eu acho que os momentos, como a revolta e a raiva que são expressas em “Licença pra Desabafar”, são, de repente, um chamado por liberdade. Então, acaba que, pensando nessa liberdade, é preciso pensar tudo que oprime a liberdade desses corpos, tudo que oprime a nossa liberdade. Tudo que oprime a nossa liberdade tem a ver com aquilo que aprisiona a nossa mente, nosso corpo, nosso comportamento, os nossos acessos e a nossa evolução, o nosso desenvolvimento como ser humano. Então, eu acho que cantar a revolta, de alguma forma, é cantar a liberdade. E cantar a liberdade, de alguma forma, é cantar o bem-viver.”
TMDQA!: Você já deu início aos shows de divulgação do seu novo disco. Como foi a apresentação de estreia em Fortaleza?
Mateus Fazeno Rock: Foi maravilhoso, na verdade. Muito feliz. A gente fez o show em casa, um show nas áreas, um show pros nossos. Foi desafiador por estarmos montando um show novo. Expandindo um pouco a formação, com características novas do trabalho, da sonoridade. A gente teve que estudar a melhor forma de fazer essa experiência pra nós e pro público, né? Mas foi uma noite muito emocionante. Uma noite muito festiva mesmo, a energia lá em cima, de troca com as pessoas. Foi muito bom.
TMDQA!: No dia 28 de setembro você vai apresentar o show do seu novo disco na Casa Natura Musical, o que significa para você levar um show com tanta representativa para um espaço como esse?
Mateus Fazeno Rock: A cidade de São Paulo é um lugar que recebeu a gente muito bem ao longo desses anos. Com a turnê de “Jesus Ñ Voltará”, passamos por São Paulo algumas vezes e sempre tem uma galera esperando a gente, acompanhando os shows, chegando junto. Isso é muito massa de ver, de sentir. A Casa Natura, quando a gente pôde estar lá, foi uma noite bem especial. Acho que é importante lançar também em São Paulo, chegar lá, ter esse reencontro com o público. Levar esse show, além do desafio da circulação, que continua sendo um grande desafio, a gente circulando a partir do Ceará, de Fortaleza, para outros estados. Então, essa chegada de um show de lançamento nosso em São Paulo acaba sendo muito comemorada por nós. Eu acredito que vai ser uma noite bem especial na Casa Natura também, por ser um espaço acolhedor, por ser um palco massa da cidade..
TMDQA!: Que mensagem você espera que o público leve para casa depois de assistir ao seu show?
Mateus Fazeno Rock: Eu espero que o público leve para casa uma vontade de viver a vida e de mudar as coisas. Espero que levem também uma consciência de que a favela produz muita coisa bonita, muita coisa bela, muita coisa importante, muito saber para o mundo. Espero que saiam de lá aquecidos e felizes, que dê a mesma sensação que eu acho que esse show deixou aqui em Fortaleza. Espero que ele deixe isso em São Paulo também.
TMDQAM!: Pra gente encerrar, queria saber de três a cinco discos que foram seus melhores amigos durante o processo de “Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem”?
Mateus Fazeno Rock: Eita, que desafio. Eu ouvi bastante, não que eles sejam referências diretas, mas que são discos que me acompanharam. “Exodus”, do Bob Marley, “Vinte Palavras Girando ao Redor do Sol”, da Cátia de França, UHUUU!, do Cidadão Instigado, “Original Fortal” do OutraGalera aqui de Fortaleza, e “Tempo & Magma”, do Tiganá Santana.
Show Mateus Fazeno Rock na Casa Natural Musical
Data: 28/09 (sábado)
Abertura da Casa: 17h30
Show: 19h
Classificação: 18 anos
Valores: De R$30 a R$180 – ingressos disponíveis pelo Sympla.
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Lara Teixeira