O “Corre” Que Ninguém Vê: a força visual na Indústria Musical

Foto: Reprodução/Acervo Pessoal

No ritmo incessante da indústria fonográfica, onde plataformas de streaming ditam a velocidade e artistas buscam se conectar a cada clique, a música se apresenta, muitas vezes, como um palco de luzes e números. Mas quem acompanha de perto sabe que a magia acontece bem antes dos holofotes.

Por trás de cada acorde que vibra, de cada verso que marca e de cada show que ecoa, existe um universo de criação, pesquisa e gestão. Esse é o “corre” invisível que molda a experiência não apenas sonora mas também visual que chega até nós.

Você já se perguntou quem está por trás das artes que ilustram seus álbuns preferidos?  

Nesse cenário de múltiplas camadas, Fernanda, ou Fê Victorello como a chamamos carinhosamente, é uma profissional que, como tantos no Music Business de hoje, vive a realidade de equilibrar arte, empreendedorismo e uma visão estratégica afiadíssima para dar vida a projetos autorais e de terceiros.

O trabalho de Fê brilha e se destaca com o seu estilo inconfundível. Ilustradora, diretora de arte, designer e diretora criativa, ela não apenas testemunha essa realidade, mas a personifica. Sua trajetória é a prova concreta de que a força da música não reside apenas no que se ouve, mas talvez principalmente naquilo que se vê, se sente e se associa a esse universo sonoro.

Não é só sobre fazer um desenho bonito ou um design esteticamente agradável, é sobre um mergulho profundo, uma pesquisa estética meticulosa, experimentação e a busca incessante por uma linguagem visual que converse diretamente com a música.

“O meu processo criativo contempla como base a pesquisa – histórica, temática, estética e contextual . Busco sugerir a melhor técnica de modo que traduza com fidelidade a mensagem dos músicos e suas obras, a arte e a versão visual do som, é muita responsabilidade. A música é convertida em imagem, e a imagem se torna parte da memória para o público.”

Pense naquela canção que te arrepia, que te transporta para outro lugar. Agora, imagine essa canção virando cor, forma, textura, um mundo visual que amplifica ainda mais essa sensação. Esse é o “corre” da Fê, um espaço onde a experimentação encontra a precisão para dar voz (e forma) ao invisível, cimentando a música na memória através da imagem.

O portfólio de Fê Victorello é um atestado da sua habilidade e do seu impacto. Quem é fã de rock e metal nacional já deve ter cruzado com o toque dela. A capa de Timeless, da banda Viper, por exemplo, não é apenas uma imagem; é um portal que condensa a energia e a rica história de um dos grupos mais respeitados do metal brasileiro.

Além de Timeless, a identidade visual criada para o segundo álbum da banda Malvada é um exemplo perfeito de como Fê traduz em imagens potentes toda a atitude, a força e a essência feminina do hard rock. São trabalhos que, em meio a um mercado saturado de lançamentos, conseguem se destacar justamente pela profundidade com que a imagem se conecta à alma da banda.

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Album Timeless do Viper – Foto: Reprodução/ Acervo pessoal Fê Victorello

Sobre o album Timeless, do Viper, Fê explicou: 

“Todas as capas de single estão representadas na capa principal, como um quebra cabeça. Esse foi o ponto de partida compositivo.”

Sobre o álbum homônimo da Malvada, ela complementou: 

“O traço selecionado foi uma das opções propostas e acredito que tenha sido a melhor linguagem considerando os conceitos abordados. A proposta visual foi construída a partir de fragmentos simbólicos inspirados nas letras das músicas, compondo um conjunto coeso e representativo. Abaixo, compartilho a estrutura conceitual que guiou esse processo criativo, com base nas palavras da própria banda durante a concepção do álbum:

“Veneno” // “Bulletproof”  // “Dead Like You” faz referência a “fantasmas” 

“After” traz elementos de uma festa ou algo que remeta a esse clima 

“Down the Walls” em certos momentos evoca a ideia de “vingança”, representada aqui por um lobo

“Sweet” traz o contraste, unindo dois lados de uma mesma história — palavras como “brilho”, “amor”, “saudade” e “noite” surgem como referências 

“Aversão” fala sobre o “ego”

“Como Se Fosse Hoje” trata de amor e saudade”

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Album hemônimo da Malvada – Foto: Reprodução/ Acervo pessoal Fê Victorello

Mas a lista de colaborações de Fê é de peso e transpassa fronteiras, incluindo gigantes como Sepultura, Claustrofobia, e até artistas internacionais como Paul Pesco. Sua expertise também a levou a ser finalista premiada em um concurso da Mainstream Concerts para a banda Megadeth, o que reforça seu reconhecimento no cenário global.

Esses trabalhos consolidam seu papel crucial como uma ponte essencial, garantindo que a sonoridade dessas bandas seja espelhada numa identidade visual que grita, que seduz e que conversa diretamente com o público. É o som alcançando um novo patamar de comunicação.

A vida de um profissional independente no Music Business raramente é um mar de rosas, e a trajetória de Fê Victorello é um espelho dessa realidade, que necessita de muita persistência e paixão. Atuando de forma independente, ela conecta sua produção a um mercado global, com projetos que atravessam o Brasil e o exterior.

Seu “corre” diário envolve um malabarismo complexo para equilibrar a paixão pela arte, as demandas do empreendedorismo e a necessidade de dominar múltiplas funções para dar vida tanto aos seus projetos autorais quanto aos de terceiros. E, claro, há a pressão do imediatismo das redes sociais, um desafio comum para muitos criativos. Quantas vezes a gente não se pega querendo ver o “making of”, o processo de criação, em tempo real? A Fê nos lembra, com total clareza, que o tempo da criação artística e o tempo da exposição nas redes nem sempre se alinham. 

Além disso, a confidencialidade dos contratos é um fator importante que muitas vezes impede a divulgação imediata dos detalhes. Por isso, ela tem uma abordagem estratégica: compartilha vídeos e imagens com trechos do trabalho – desde sketches iniciais até os acabamentos analógicos e digitais – sempre após a divulgação oficial permitida por contrato. É a prova de que ser artista no século XXI exige não só talento e visão, mas também muita estratégia, organização e jogo de cintura para navegar pelas complexidades do mercado.

Para quem pensa que essa capacidade de transformar música em imagem surge do nada, basta dar uma olhada na biografia robusta de Fê Victorello. Ilustradora desde 1996, sua carreira é marcada por exposições de suas obras em galerias internacionais de peso em cidades como Nova Iorque (Ward Nasse Gallery), Barcelona (Imaginarte), Londres (Orbital Space London), Lisboa (284 Gallery e Universidade de Lisboa) e por todo o Brasil. Ela é uma veterana premiada em salões de arte nacionais e internacionais, com séries especiais apresentadas em eventos grandiosos como Monsters of Rock, Expo Music e a aclamada Comic Con CCXP.

A bagagem de Fê vai muito além do universo musical. Ela tem experiência também no mercado de moda e agências de comunicação, criando programação visual para marcas de peso como Alexandre Herchcovitch, Cavalera, V.Rom, Opera Rock, Hering, MCD e outras, sempre com uma ligação intensa com a música.  Essa experiência multifacetada enriquece sua visão e permite uma abordagem mais completa em seus projetos. 

Portanto, da próxima vez que você se pegar hipnotizado por uma capa de álbum, encantado por uma estampa ou uma identidade visual que te conecta ainda mais à sua banda favorita, lembre-se de Fê Victorello e de tantos outros profissionais. Eles são a prova viva de que a música não se ouve apenas com os ouvidos; ela se vê, se sente e se guarda na memória através do talento singular de quem, como ela, está incessantemente “no corre”, transformando música em imagem, e imagem em memória.

Uma verdadeira força criativa do Music Business, cuja dedicação e visão merecem todos os holofotes.

Para saber mais do trabalho da Fê Victorello, acesse o site dela e acompanhe seu perfil no Instagram!

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Nina Shimazumi

O “Corre” Que Ninguém Vê: a força visual na Indústria Musical


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