Os bastidores do adeus do Planet Hemp: conversamos com a banda sobre a turnê de despedida
O Planet Hemp escolheu o tradicional bairro da Barra Funda, em São Paulo, pra fazer o anúncio mais importante de seus 30 anos de carreira na manhã desta terça-feira (17).
Desde as 11h da manhã, o auditório da Audio já tinha dezenas de jornalistas e suas câmeras posicionadas para conhecer “A Última Ponta”, nome da turnê que estava estampada nos telões da casa de shows, e que a banda já tinha atiçado nas redes sociais.
Como os fãs imaginavam, se tratava mesmo da turnê de despedida do grupo carioca, que fez história no rock e rap nacionais com três álbuns explosivos nos anos 1990 e 2000, e retornou em 2022 com JARDINEIROS para vencer seus primeiros Grammy Latino.
Quando subiram ao palco Marcelo D2, BNegão, Daniel Ganjaman, Pedro Garcia, Formigão e Nobru para a coletiva de imprensa, a pergunta que pairava no ar era: por que parar agora?!
Os bastidores da despedida do Planet Hemp
Mas o clima ficou leve logo nos primeiros segundos, com os integrantes fazendo piada entre si e mostrando que estão felizes com a difícil decisão – e principalmente com a oportunidade de fazerem uma turnê final grandiosa.
Segundo D2, o período de quatro meses em que eles estarão na tour A Última Ponta, entre setembro e novembro de 2025, vai proporcionar que eles vivam novamente como banda, 100% dedicados ao Planet Hemp pela última vez.
Depois da coletiva, o TMDQA! falou com exclusividade com os músicos e pediu pra que BNegão aprofundasse um termo que ele trouxe durante o anúncio: o gurufim. Trata-se de uma tradição africana em que os velórios são feitos com música, histórias e celebrações, sem o peso que normalmente uma morte traz.
Você pode conferir abaixo o papo completo que batemos com a banda, as explicações para o fim e até o “sonho de aposentadoria” de cada um (que envolve continuar fazendo música, é claro!). Confira também fotos exclusivas desse anúncio que parou a música brasileira nesta terça.
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Serviço: A Última Ponta, última turnê do Planet Hemp
A turnê A Última Ponta será realizada pela 30e, que recentemente foi responsável por aclamadas turnês da música brasileira, e o TMDQA! tem orgulho de ser parceiro de mídia oficial da despedida do Planet Hemp.
As apresentações vão passar por dez capitais a partir de 13/09, com um mega show final no dia 15/11 no Allianz Parque. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 18 de junho através deste link, e você pode encontrar o serviço completo da turnê nesta matéria.
Ah, e BNegão já avisou que quando o Planet Hemp decide acabar, acaba mesmo! Então nem adianta esperar outra oportunidade no futuro. Leia abaixo a nossa entrevista exclusiva com o grupo.
TMDQA! entrevista Marcelo D2, BNegão e Daniel Ganjaman, do Planet Hemp
TMDQA!: Parabéns pela turnê, pela decisão corajosa de colocar um ponto final nessa trajetória tão bonita de 30 anos do Planet Hemp! Primeiro, eu queria saber se a repercussão positiva de JARDINEIROS, considerado um dos melhores discos de 2022…
Marcelo D2: O melhor! [risos]
TMDQA!: O melhor, então! [risos] Os prêmios e a recepção dos fãs pra JARDINEIROS mexeu com vocês na hora de tomar essa decisão tão importante de encerrar a banda apenas três anos depois?
BNegão: Esse monte de prêmio fez mal pro Planet Hemp. Nossa cabeça ficou… o fracasso subiu à cabeça! Foi uma loucura. [risos] A gente nunca tinha ganhado um prêmio, é engraçado, aí voltamos com JARDINEIROS ganhando todos os prêmios posíveis. Esse disco foi uma lufada criativa muito maneira, foi uma comprovação de que a gente ainda tava ‘na validade’.
E na verdade tá tudo maneiro [a turnê do álbum], não teve nenhum show que a gente pensou ‘porra, essa banda tem que acabar’. Ao contrário, acabamos de fazer o maior showzão no festival João Rock. É aquela história do gurufim, não tem que acabar quando você tá sentindo que precisa acabar, quando uma banda tá tocando e não tá rolando… pelo contrário, a gente quer acabar bonitão, sem definhar.
Marcelo: Eu gostei muito disso que tu falou de ‘não deixar definhar’, tá ligado? Dar um fim à coisa.
TMDQA!: Agora eu quero saber do diretor musical da banda [Ganjaman], porque quatro meses de turnê é um trabalho grande que vocês têm pela frente! Como foi escolher as cidades por onde vocês não podiam deixar de passar?
Daniel Ganjaman: A realidade é que o Planet já fez história em todos esses lugares por onde vamos passar agora. Eu me lembro de 20, 25 anos atrás, estar no Planet Hemp e correr por todas essas capitais, e sempre foram shows muito importantes. Acho que a nossa maior questão agora é dar vazão a esse tamanho de show que queremos apresentar, contar essa história que é muito grande.
Como o Marcelo falou, é uma história com muito drama envolvido, muita intensidade. E fazer um show que tenha começo, meio e fim, uma timeline bem definida, e contar essa história do jeito que ela merece vai ser o grande desafio. Já temos a coisa esboçada na cabeça, que vem do DVD que fizemos no ano passado [BASEADO EM FATOS REAIS: 30 ANOS DE FUMAÇA], mas ainda tem muita coisa pra desenhar, e vai ser um trabalho conjunto entre todos nós.
TMDQA!: E qual de vocês já tem o sonho perfeito de aposentadoria? [risos] Eu sei que não é uma aposentadoria da música, longe disso! Mas se daqui pra frente sobrar um tempinho fora dos palcos, já sabe como vai curtir a vida, D2?
Marcelo D2: Fumando maconha! [risos] Não, tá louco! Eu odeio paz, acho a paz insuportável! Eu não vou me aposentar nunca. O Planet Hemp tá acabando, mas todo mundo aqui tá no auge da carreira, trabalhando muito. Um sonho de aposentadoria… cara, eu não consigo pensar em parar. Se não fosse música, estaria fazendo outra coisa.
Ganjaman: Não dá, a gente não consegue. Todo mundo tem seu próprio trabalho, até por isso que dificulta a gente ter atenção, dedicação total ao Planet Hemp. Também foi um fator bem determinante [para encerrar a carreira]. Mas a real é que tá todo mundo produzindo, e vocês ainda vão ouvir bastante coisa nossa. Vão cansar de ver a gente!
BNegão: E é muito foda a gente conseguir entregar pros fãs o show que vamos entregar. É uma coisa do tamanho que o Planet merece, é pra ficar marcado. Venham pensando no estilo gurufim, uma tradição africana clássica que a galera de santo também pratica aqui no brasil. Quando uma pessoa finaliza a passagem dela no planeta Terra, a galera faz uma celebração com música, contação de histórias da pessoa.
Marcelo D2: Tem um pesamento que diz: ‘o contrário da vida não é a morte, é o esquecimento’. Então o Planet Hemp vai acabar, mas não vai morrer. A gente fez quatro discos sinistros, tem um legado muito forte. Tá tudo gravado. E ainda vai ter a turnê pra celebrar o final, vai ter documentário, livro e tudo. É aquela coisa… vocês podem prender o homem, mas não podem prender a ideia!
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Rafael Teixeira
Os bastidores do adeus do Planet Hemp: conversamos com a banda sobre a turnê de despedida
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