Resenha: as múltiplas facetas de “Phantom Island”, novo disco do King Gizzard & The Lizard Wizard

Foto por Maclay Heriot

Um novo capítulo se abre na jornada sonora do King Gizzard & The Lizard Wizard. Com 26 álbuns na discografia, a banda de Melbourne sempre se destacou pela capacidade de surpreender e desafiar qualquer expectativa com cada lançamento. 

Phantom Island é a mais recente adição a essa trajetória imprevisível e, desta vez, o grupo parece menos interessado em expandir seu alcance com experimentos sonoros intensos e mais focado em explorar uma introspecção delicada e orquestral, sem perder a essência que os tornou ícones do underground moderno.

A fusão entre o rock psicodélico e os arranjos clássicos de orquestra é o ponto de partida do álbum, que se revela como uma viagem emocional, composta por 10 faixas que alternam entre a melancolia e a leveza, criando um universo sonoro capaz de encapsular toda a complexidade da experiência humana.

O TMDQA! ouviu o projeto em antecipado, e agora diz o que achou. Vamos nessa?

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Um mergulho em novas texturas e sonoridades

Desde o primeiro acorde da faixa-título, Phantom Island nos transporta para um lugar desconhecido. A introdução suave de pianos e cordas se mistura com a habitual energia experimental da banda, mas ao invés de se perder em viagens caóticas, o som aqui é mais fluido e orquestrado.

O uso da grande orquestra com 24 músicos, liderada pelo maestro Chad Kelly, dá um toque de grandiosidade que surpreende, sem soar excessivo. O álbum não se perde no exagero de sua própria complexidade; pelo contrário, ele é profundamente coeso, permitindo que os arranjos orquestrais complementem a banda sem submergi-la.

As transições entre os momentos orquestrais e as sonoridades mais tradicionais do Gizzard, como em “Eternal Return” e “Sea of Doubt“, são incrivelmente suaves, e mesmo os momentos mais dramáticos, como “Silent Spirit”, mantêm o equilíbrio com a leveza das cordas e metais que flutuam entre os versos.

É solar como o calor suave de fim de tarde, como o cheiro de sal no cabelo após um dia no mar. O ouvinte é conduzido para uma atmosfera que oscila entre o sonho e a saudade, cativando a curiosidade do público a cada minuto – até mesmo em seus momentos mais fracos.

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Entre a vida na estrada e o desejo de estar em casa

Se os álbuns anteriores da banda pareciam ocupar planetas fictícios, Phantom Island acontece no mundo real – mais especificamente, no coração e na cabeça de quem vive sempre em movimento.

Há uma melancolia que atravessa todo o disco: o cansaço da estrada, a saudade da família, o medo de estar longe demais quando se é necessário em casa. São temas que surgem em letras sinceras, muitas vezes embaladas por refrães que soam como conversas pelo rádio.

A banda, famosa por criar universos conceituais, aqui se volta para algo mais simples – e talvez por isso mesmo mais tocante. É como se estivessem falando diretamente com seus filhos, seus parceiros e até com versões mais jovens de si mesmos. Há uma sinceridade crua nas palavras, algo que o King Gizzard raramente abordou com tamanha transparência.

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King Gizzard & The Lizard Wizard: amadurecimento sem perder a identidade

Ainda que o álbum tenha seus momentos mais mornos – algumas faixas podem soar um pouco similares em ritmo e timbre -, Phantom Island nunca perde a coesão. É verdade que não há a urgência ou a ousadia conceitual de Nonagon Infinity ou Infest the Rats’ Nest, mas há algo novo aqui: um senso de maturidade que evita os excessos sem cair na apatia.

Um álbum que fala sobre crescer, desacelerar e encontrar beleza em outras formas de intensidade. Se antes a banda queria chocar, agora parece mais interessada em acolher. Este não é um disco de explosão, mas de expansão interna – um trabalho para ouvir de olhos fechados, para refletir sobre o que se deixou para trás e o que ainda se deseja construir.

Em tempos de excesso, ele propõe presença. Em tempos de velocidade, ele oferece pausa. Talvez não seja a transformação mais chamativa da banda – mas é, sem dúvida, uma das mais verdadeiras.

★★★½ (3.5/5)

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Eduardo Ferreira

Resenha: as múltiplas facetas de “Phantom Island”, novo disco do King Gizzard & The Lizard Wizard


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