Eletrônica Música música eletrônica Tecnologia LR julho 23, 2025 0 Comentários

Tecnologia na cena eletrônica: VJ Felipe Krust utiliza IA da NVIDIA na apresentação do festival EDC

VJ Felipe Krust durante apresentação — Divulgação

525 mil pessoas: foi este o contingente de pessoas reunidas durante os três dias do maior festival de música eletrônica da América do Norte. O Electric Daisy Carnival, também conhecido como EDC, aconteceu do dia 15 a 17 de maio e tivemos presença brasileira no line up, com o DJ Mochakk ao lado do VJ Felipe Krust, profissional responsável pelo conteúdo visual do show ao vivo, que se inspirou fortemente nas referências visuais impactantes de dubstep.

“Segundos depois do show começar, tive que segurar as lágrimas porque a emoção tomou conta. Eu estava super focado e muito nervoso, mas quando me dei conta de que estava operando mais de 36 telas em um palco de um quilômetro de comprimento para 60 mil pessoas, foi uma sensação de realização tremenda. Todo o meu esforço valeu a pena naquele momento”, compartilhou Krust em entrevista para o TMDQA!

Luísa Sonza, Iggy Azalea e Vintage Culture estão entre a lista de artistas com os quais Krust teve o prazer de colaborar visualmente. Com quase dez anos de experiência, o VJ afirmou que realizar uma apresentação deste calibre é um desafio porque o palco conta com diferentes telas, onde cada parte será vista de uma forma diferente por parte do público, sem contar que transmite uma outra sensação durante as filmagens.

Para isso, o VJ dividiu as telas em três formatos simultâneos: enquanto uma delas estava presente de ponta a ponta do palco, outra parcela das animações se concentrava no centro, e a última tornava as laterais diferentes. Ao se interessar por música eletrônica, o VJ costuma assistir aos vídeos no YouTube de outras apresentações como as da EDC, e se imaginava no festival um dia.

Tecnologia integrada à criatividade audiovisual

Mas o que pode passar despercebido para boa parte do público é que o equipamento e a tecnologia disponíveis interferem muito no resultado final entregue durante a apresentação. Por esse motivo, o VJ contou com notebooks e GPUs (unidades de processamento gráfico) do modelo GeForce RTX da NVIDIA, referência na indústria por conta das soluções apoiadas de Inteligência Artificial (IA) oferecidas.

“A IA vem para somar muito. No meu caso, ela otimiza o meu tempo, não faz o trabalho por mim, mas faz com que ele seja ainda mais rápido e fluído. Desde a criação de um asset simples até fazer com que eu possa tornar um loop (vídeo base) ser outros 16 diferentes somente com recursos de renderização em tempo real com o Resolume Arena [software utilizado pelos VJs para executar os shows]”.

Para Krust, a parceria com a NVIDIA auxilia muito no período de pré produção durante a criação dos vídeos curtos e infinitos que são a base da mixagem, os famosos loops.

“O que a NVIDIA mais auxilia nessa parte preparatória é a velocidade de renderização / otimização de processos. Uma etapa que demoraria mais de 7 horas para concluir, leva minutos com os recursos de inteligência artificial da NVIDIA. Com o tempo otimizado assim, consigo explorar um pouco mais as possibilidades fazendo composições mais complexas e ideias que antes não fazia porque não ficariam prontas a tempo”.

Parceria e confiança

Para Felipe, trabalhar com Mochakk tem sido super interessante por conta da confiança do DJ no trabalho de Krust.

“Ele me dá liberdade total para criar coisas diferentes. Neste projeto, o Halfcab é o diretor criativo que dá todo norte do que pode ser legal. Tem ainda o Rollinos, especialista em texturizações analógicas”.

Segundo o VJ, a boa sinergia da equipe envolvida, que dialoga bastante antes da criação dos visuais-base, é um destaque:

“A partir disso, crio o que devo apresentar no show. A execução só depende de mim e do meu parceiro de operação, o Sodré, responsável pela orquestração das luzes”.

Conselhos, próximos projetos e spoilers!

Quando perguntado sobre qual conselho daria para a nova geração de criadores audiovisuais, Krust foi categórico:

“Persistência! Existe uma falta de valorização da nossa profissão, então existem desgastes mentais e físicos durante o processo, mas é importante persistir na sua arte, em fazer as pessoas entenderem que você quer dizer algo, que tem algo para mostrar. É necessário persistir para alcançar os objetivos. Eu costumo pensar que os meus visuais estão atrelados a uma memória musical de alguém para sempre e isso, para mim, é algo muito importante”.

E persistência foi o que levou Felipe a realizar um dos seus grandes sonhos na cena da música eletrônica, mas o artista não para por aí. Diz que quer explorar outras aplicações e formatos e compartilhou, com exclusividade ao TMDQA!, que fará parte de uma apresentação do “I Wanna Be Tour 2025”. “Vai ser a minha primeira vez fazendo visuais ao vivo para um show de rock, então estou bem animado!”, finalizou.